sexta-feira, 22 de julho de 2016

diário de depressão

A luz que entra pelo quarto é vermelha. Vermelha pelo lençol que coloquei na janela. Não aguentava mais ver a luz do sol entrando pelo quarto. Meu corpo já não tem posição pra ficar na cama. Mas força pra levantar eu não tenho. Levanto pra comer. Como o que me dá vontade. Meu prato parece o de uma criança de 6 anos. Os 5 remédios que tenho que tomar estão todos anotados no despertador. É a única parte do dia em que abro os olhos e acendo a luz. Qual a diferença entre o claro e o escuro se os dias são todos iguais?
Desde que fui ao médico, a minha vida tem sido uma grande mistura de nada. Eu acho super engraçada a forma como as coisas são colocadas aqui dentro da minha própria casa. Meu irmão estava com um princípio de depressão. Minha mãe comprou um cachorro. Todo mundo aqui em casa é apaixonado com cachorro. Eu fico assim e ela me compra remédios. Meu irmão está super bem... Eu? bom... Tô aqui na cama.
Hoje é sexta. É dia de trocar de casa. Talvez eu fique um pouco melhor na casa do meu namorado. Mas hoje eu entendo porque pessoas em depressão se matam com uma facilidade enorme.

terça-feira, 19 de julho de 2016

TÔ EM CRISE

Oi Lolly, tudo bem com você?
Por aqui as coisas estão ficando muto pesadas, mas acho que é porque eu tô me permitindo ficar fraca. A depressão tá batendo muito forte nesses dias. E eu não faço a mínima ideia do que eu posso fazer pra poder melhorar.
Algumas coisas estão boas. Muitas pessoas em depressão engordam horrores. Eu tô emagrecendo... Cerca de 200 gramas por dia. Isso pra mim tá sendo bacana. Mas... sei lá

Essa semana aconteceu uma coisa muito chata. Eu matei minha mãe mentalmente. Vou explicar. É que a gente sempre teve briga. A gente sempre teve os nossos problemas. Mas essa semana a gente chegou ao nosso cúmulo. Ela veio me dizer que as coisas seriam muito melhores se eu não estivesse aqui. Seria bem melhor que eu não existisse. Daí pra mim foi o fim. Eu preciso mesmo me desligar da minha família. É por causa dela que eu tô ficando mal. Deixei de lado. Pai, mãe, irmãos, primos, primas, todo mundo. Bloqueei no face, no whatsapp, no twitter, em tudo. Agora sou somente eu. Eu e eu contra o mundo. Foi assim que matei. Eu não quero precisar deles e não quero fazer com que a minha presença aqui seja notada. Eu não precisava mesmo, nunca precisei. Me criei sozinha e vai ser sempre assim a partir de agora.

Dá vontade de mostrar pra todo mundo quem são essas pessoas que moram na minha casa, mas eu prefiro evitar a fadiga de ter que explicar que eu sou diferente porque eu não consigo me contaminar com a maldade deles.

Hoje eu tive muita crise. Mas não tomei remédio. Aaaaah, troquei de psiquiatra. Ele me deu alguns remédios novos e eu preciso me adaptar novamente. Nada que eu não esteja acostumada, né?

Tô sem falar coisa com coisa. Mas eu sei que eu estou em crise, então, releva, Lolly.
Vou olhar o preço dos remédios pra comprar.

Beijos

Mel

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Sumiço, remédios, vida

Oi Lolly, tudo bem?
Por aqui está tudo ótimo e eu tenho que te contar um milhão de coisas, porque eu fiquei bem sumida, né?
Então. Eu sei que eu estava feliz com o meu tratamento, mas depois de três dias de crise de choro compulsivo, resolvi dar um tempo deles pra ver o que estava realmente acontecendo. Desde quinta feira estou sem os remédios e estou me sentindo bem. Bem melhor do que quando tinha minhas crises. Eu percebi que eu não tava tomando os remédios certos, ou que as doses estavam erradas, ou que eu tive mais um diagnóstico errado.
Eu tenho crise quando estou muito estressada. Eu começo a tremer e achar que o mundo está acabando. Mas eu tive várias tomando remédio e bem poucas crises sem ele. Ok, estou assumindo por minha conta o risco de não estar medicada. Mas tô me sentido melhor.
Eu tinha algumas coisas pra resolver na minha vida, do tipo arrumar emprego, tentar começar minha vida sozinha, ver se realmente vou fazer uma cirurgia que mude a minha vida pra sempre e eu tirei esse tempinho pra pensar. Por isso sumi.
A vida às vezes é muito difícil, sabe Lolly. Dá uma vontade enorme de sair correndo. Eu quis esses dias sair correndo. Tava um clima pesadão aqui em casa e mô veio me socorrer e me tirar daqui. Sempre ele... Meu super herói.
Esse fim de senama teve o casamento do meu padrinho, que foi bem legal. Na verdade, por não ter sentado com a minha família (que é um porre) e ter arrumado uma mesa pra dois, foi como um jantar com o mô (e um belo jantar, já que foi de grátis). Palhaçadas à parte, foi bem legal e bem bonito e espero que eles sejam bem felizes.
Essa semana também aconteceu uma coisa bem diferente, digamos assim.
Eu tenho uma amiga que sempre me ajudou em relação às minhas crenças (sou católica não praticante, mas acredito muito em todas as formas de manifestação de energia e poder). Depois de quase um ano sem nos falarmos, eu mandei pra ela uma mensagem contando tudo o que tava me afligindo naquela noite. (era mais uma das minhas crises de choro.) Ela abriu as cartas pra mim e me ajudou. Me senti protegida. Peço a Deus todos os dias pra que Ele possa ajudar e dar forças a todos aqueles que estão com minha amiga pra que ela continue conseguindo fazer tudo que ela faz por mim e por seus protegidos. Dois dias depois foi o casamento do meu padrinho e eu senti algumas coisas que só tinha sentido uma vez. Que foi quando eu vi e senti a manifestação dos outros tipos de energia e de poder.
Hoje tô me sentindo bem leve, talvez por essa sensação de que estou protegida. Quem cuida de mim nunca dorme e eu sei que Ele me ama.
Bom... Eu ainda tenho que fazer algumas coisas e tá quase na hora da minha aula preferida. Vou ficando por aqui. Mas eu volto, tá!? Prometo!

Um beijo e até a próxima!

Mel