terça-feira, 21 de junho de 2016

Coisas que o tédio faz

Oi Lolly, tudo bem?
Por aqui tá tudo bem também, eu tô meio entediada porque não tem nada pra fazer nessa BH fria numa terça à noite. Lá fora eu tô escutando a roupa bater. Eu tive que colocar pra lavar, porque se eu não lavasse, amanhã não teria roupa pra usar. rsrs
Ontem eu te contei como que surgiram os sintomas da síndrome do pânico em mim, né? Pois bem... Acho que eu quero falar um pouquinho sobre isso.
Ano passado eu não fiz nenhum tratamento junto com doutores psiquiatras. Eu achava que conseguia me controlar sozinha. E por muito tempo eu consegui. Eu via quando eu ia ter uma crise e sempre me controlava, fosse ficando em casa e desistindo do rolê, ou enfrentando o medo, mesmo com o coração na garganta.
E muita coisa também aconteceu que me deixou mais forte e mais confiante. Depois de oito meses do ocorrido lá com aquele ser que me perseguia, eu comecei a namorar. E eu dei muita sorte de namorar meu melhor amigo. Eu não sei explicar, mas isso me deu uma força que eu achei que não tinha.
Depois de algum tempo, eu e o mô começamos a perceber que toda vez que eu tomava um susto, ficava muito estressada ou angustiada, eu disparava a falar e às vezes eu tinha crise de choro. Assim, do nada. Mas antes não era uma coisa que preocupava. Como a gente sempre saiu juntos, eu me sentia segura de sair em qualquer horário do dia.
Há mais ou menos um mês, esses sintomas começaram a ficar mais aparentes. Eu estava num trabalho estressante e sempre que chegava no carro do mô pra ir pra casa, eu falava o caminho inteiro. Eu não o deixava nem respirar pra poder falar um "uhum". E quando eu marcava alguma coisa que ele não podia me levar, eu ficava com medo de ir sozinha e acabava marcando em um horário em que ele estivesse livre.
Comecei a conversar com ele sobre a hipótese de fazer um tratamento pra isso, procurar ajuda. Meu estado de alerta tinha voltado. Depois de muito relutar, procurei ajuda de um psiquiatra.
Ele me disse que o trauma do ano passado, por ter sido reprimido, poderia estar me causando essas crises. E que não há um fator que desencadeie a crise. Eu tenho um trauma e esse trauma já é o motivo pelo qual a qualquer momento eu posso ter medo de tudo e todo mundo, achar que eu vou morrer, ter taquicardia, crise de choro ou falar mais que lavadeira quando perde sabão.
Pois bem. Eu te disse que tô desempregada e sem estudar, né?
Minha mãe tem me ajudado muito nessa parte. Bem do jeito dela. Sempre que dá ela joga na minha cara que eu tô sendo sustentada. Na maior parte do tempo eu tento relevar. Mas eu reclamava muito disso.
Tem 9 dias que comecei o meu tratamento indicado pelo doutor psiquiatra. Eu tô tomando um antidepressivo e um remédio que ele disse que era pra dormir. Eu não tenho conseguido dormir com ele, mas ele foi muito bom em me relaxar. Acho que eu andava estressada demais com todas as coisas que estavam acontecendo comigo.
Ainda tô em fase de adaptação, mas já vejo algumas melhoras. Andar sozinha à noite é uma coisa que eu não faço. Mas eu não me via dirigindo e estou fazendo aulas pra tirar carteira. Um avanço? Talvez. Estou bem mais calma também, mesmo sem conseguir dormir. Isso me lembra que eu tenho que marcar outra visita ao doutor pra ver o que fazer em relação a dormir. Tô trocando o dia pela noite e eu quero parar com isso.
Lolly, você tem medo de alguma coisa?
Acho que vou ficando por aqui, a roupa acabou de bater e eu preciso colocar pra secar.
Amanhã te conto mais coisas. Obrigada por me ajudar nessa caminhada. Gosto de conversar com você.

Até amanhã!
Um beijo

Mel

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